A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou Cabo Verde como um país livre de malária, “marcando uma conquista significativa na saúde global”, anunciou hoje, em comunicado. Recorde-se que no dia 25 de Abril de… 2012 o Jornal de Angola dizia em manchete: “Malária em Angola em vias de extinção”.
Cabo Verde é o terceiro país a ser certificado na região africana da OMS, juntando-se às Maurícias e à Argélia, que foram certificados em 1973 e 2019, respectivamente.
O continente africano é o que mais sofre com a malária, refere a OMS, ao acolher 95% dos casos globais e 96% das mortes relacionadas com a doença, em 2021.
“A certificação da eliminação da malária impulsionará um desenvolvimento positivo em muitas frentes para Cabo Verde”, indica a organização.
Os sistemas e estruturas construídos para a eliminação da malária “reforçaram o sistema de saúde e serão utilizados para combater outras doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue”, doença com um surto registado desde final do ano nalgumas ilhas cabo-verdianas.
A medida vai beneficiar o turismo: “os viajantes provenientes de regiões não endémicas de malária podem agora viajar para as ilhas de Cabo Verde sem receio de infecções locais” e sem necessitar “da potencial inconveniência das medidas de tratamento preventivo”.
“Isto tem o potencial de atrair mais visitantes e impulsionar as actividades socioeconómicas num país onde o turismo representa aproximadamente 25 por cento do Produto Interno Bruto”, acrescentou.
Tedros Ghebreyesus, director-geral da OMS, citado no comunicado, saudou “o Governo e o povo de Cabo Verde pelo seu compromisso inabalável e resiliência na jornada para eliminar a malária”.
Aquele responsável está em Cabo Verde, onde participa hoje numa cerimónia oficial de anúncio da erradicação da malária.
“A certificação da OMS de que Cabo Verde está livre de malária é uma prova do poder do planeamento estratégico de saúde pública, da colaboração e do esforço sustentado para proteger e promover a saúde. O sucesso de Cabo Verde é o mais recente na luta global contra a malária e dá-nos esperança de que, com as ferramentas existentes, bem como com as novas, incluindo as vacinas, possamos ousar sonhar com um mundo livre da malária”, acrescentou.
“A certificação como país livre de malária tem um impacto enorme e demorou muito para chegar a este ponto: em termos de imagem externa do país, isso é muito bom, tanto para o turismo como para todos os demais”, referiu o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, citado no mesmo comunicado.
O certificado de eliminação é concedido quando um país demonstra — com provas rigorosas e credíveis — que a cadeia de transmissão autóctone da malária pelos mosquitos da espécie Anopheles foi interrompida em todo o país durante os últimos três anos consecutivos. Um país deve também demonstrar a capacidade de impedir o restabelecimento da transmissão.
Antes da década de 1950, todas as ilhas de Cabo Verde eram afectadas por malária: epidemias graves ocorriam regularmente nas zonas mais densamente povoadas até haver pulverizações que a eliminaram em 1967 e 1983. Contudo, falhas subsequentes levaram ao regresso da doença.
Desde o último pico de casos de malária no final da década de 1980, a malária em Cabo Verde esteve confinada a duas ilhas: Santiago e Boa Vista, que estão agora livres de malária desde 2017.
“O feito de Cabo Verde é um farol de esperança para a Região Africana e não só”, afirmou Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África.
Entre os países lusófonos, Moçambique a Angola estão entre os cinco mais afectados do mundo, de acordo com a edição de 2023 do relatório anual sobre malária publicado pela OMS.
A organização anunciou há duas semanas que a vacina contra a malária R21 vai entrar na sua lista de “vacinas pré-qualificadas”, um requisito para entrar nos programas de distribuição de organizações humanitárias como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ou a GAVI Vaccine Alliance.
A malária afecta anualmente cerca de 250 milhões de pacientes em todo o mundo e causa mais de 600 mil mortes.
EM ANGOLA, MALÁRIA É SINÓNIMO DE MPLA
A malária, doença que tem ceifado a vida de milhares de pessoas e que constitui uma emblemática demonstração da incompetência governativa do MPLA nos últimos 48 anos, pode ser eliminada em Angola até 2030, admitiu em 2019, em Luanda, o coordenador nacional do Programa de Luta Contra a Malária, José Martins, numa mesa-redonda inserida nas Primeiras Jornadas Multidisciplinares do Hospital Geral de Luanda. Recorde-se que no dia 25 de Abril de 2012 o Jornal de Angola dizia em manchete: “Malária em Angola em vias de extinção”.
Segundo um dos órgãos oficias do regime, no caso o Jornal de Angola (JA), José Martins disse que Angola está enquadrada na Região da SADC como país da segunda linha, onde a Organização Mundial da Saúde definiu metas, entre as quais a eliminação da malária até 2030. Acrescentou que, com base nisso, foi estabelecida uma estratégia que tem sido implementada através de várias acções nas fronteiras conjuntas Angola/Namíbia.
O responsável explicou, segundo o JA, que as componentes operacionais estão a surtir os seus efeitos, na medida em que estão a ser desenvolvidas várias acções, o que tem permitido a redução de óbitos. Sublinhou que de acordo com a estratificação epidemiológica, nos últimos anos as províncias mais endémicas do país têm sido as localizadas no Norte, concretamente Uíge, Malanje, Cuanza- Norte, Zaire, Lunda-Norte e Lunda- Sul.
Neste sentido, disse que o Ministério da Saúde estava a fazer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo todos os ministérios, cujas determinantes sociais estão relacionadas com a doença e mortes, para que se esteja no caminho certo para a sua eliminação.
O especialista em malária alertou que todos os casos suspeitos da doença devem ser confirmados com um teste biológico, através de pesquisa do plasmódio ou teste imuno-cromatográfico, acrescentando que cada agregado familiar deve ter, pelo menos, uma rede mosquiteira tratada com insecticida para cada dois habitantes.
Por ser uma peça antológica do “jornalismo” oficial (Jornal de Angola) e um espelho do que é, desde 1975, a governação do MPLA, reproduzimos na íntegra e “ipsis verbis” o artigo “Malária em Angola em vias de extinção”, publicado na referida “coisa” no dia 25 de Abril de 2012:
«As autoridades sanitárias angolanas prevêem iniciar, a partir de 2015, o processo de pré-eliminação da malária, a doença tropical que mais óbitos provoca no país.
O coordenador do Programa de Luta contra a Malária explicou ontem à imprensa, em Luanda, que a probabilidade de Angola iniciar o processo de pré-eliminação da doença reside na contínua redução de casos da doença.
Filomeno Fortes, que falava à margem da reunião extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre saúde, frisou que as autoridades angolanas e os seus parceiros estão empenhados em baixar, cada vez mais, o índice de mortalidade por malária no país.
As autoridades sanitárias angolanas prevêem iniciar, a partir de 2015, o processo de pré-eliminação da malária, a doença tropical que mais óbitos provoca no país.
O coordenador do Programa de Luta contra a Malária explicou ontem à imprensa, em Luanda, que a probabilidade de Angola iniciar o processo de pré-eliminação da doença reside na contínua redução de casos da doença.
Filomeno Fortes, que falava à margem da reunião extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre saúde, frisou que as autoridades angolanas e os seus parceiros estão empenhados em baixar, cada vez mais, o índice de mortalidade por malária no país.
“A manter-se este nível de redução, a partir de 2015 podemos pensar na possibilidade da pré-eliminação da doença no país”, sublinhou Filomeno Fortes.
O médico disse que, há dez anos, o país registava 20 mil óbitos por ano, mas actualmente o número baixou para uma média de seis mil, devido ao esforço desenvolvido pelo Executivo no sector da saúde, que estabelece a redução de casos de paludismo entre as populações.
Filomeno Fortes disse acreditar que, em 2013, vai haver uma diminuição da mortalidade por malária, cuja cifra deve fixar-se em cerca de quatro mil óbitos por ano.
O médico revelou haver falsos diagnósticos de malária devido à existência de certos vírus que provocam sintomas semelhantes aos causados pelo paludismo.
“Realizámos estudos que comprovam a existência de alguns vírus que provocam quadros clínicos parecidos com os da malária, como febres, dores de cabeça e articulares”, acentuou Filomeno Fortes. Sobre este assunto, salientou que, por não haver capacidade para a realização de um diagnóstico diferencial, certos técnicos de saúde continuam a diagnosticar falsamente esses casos como malária.
O presidente da reunião de peritos da SADC, Augusto Rosa Neto, disse que foi aprovada a assinatura de um memorando de entendimento para a criação de laboratórios supranacionais de referência, em centros regionais de excelência. “Neste momento, existem laboratórios na África do Sul, Zimbabwe e Botswana, que vão atender os casos de malária, tuberculose e VIH/Sida dos países membros da SADC”, informou.
Os laboratórios nacionais vão continuar a funcionar normalmente, mas os que não têm condições para realizar exames podem enviar para os países membros que dispõem de capacidade.
O Lesoto, as Ilhas Maurícias e as Seychelles são os três países da SADC que já não registam casos de malária, enquanto Moçambique é aquele que regista o maior índice de casos. A directora nacional adjunta de Saúde Pública de Moçambique, Rosa Marlene, apontou como causas principais a situação epidemiológica e as questões ecológicas resultantes do clima. “Moçambique é uma região que tem grandes rios e muita água na costa. Por essa razão, já tivemos dez milhões de pessoas infectadas com malária. Neste momento, estamos com três milhões de casos”, sublinhou a responsável moçambicana.
A doença é uma das principais causas de morte em Moçambique, razão pela qual tem sido prioridade do governo coordenar os métodos de prevenção e de cura.
“Este encontro tem vantagens porque, para conseguirmos eliminar a malária, as acções têm de ser concertadas e, com a troca de experiências e informação, podemos chegar a melhores soluções”, acrescentou Rosa Marlene.
Por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a Malária, a Esso Exploration Angola (Bloco 15) anunciou ontem, em nome da Fundação ExxonMobil, uma doação adicional de mais de 1,8 milhões de dólares para projectos comunitários de combate à malária no país.
De acordo com um comunicado da petrolífera, que investiu mais de 25 milhões de dólares em projectos de combate à malária em Angola, esta doação adicional permitirá implementar seis programas comunitários nas províncias de Luanda, Benguela, Cunene, Huambo, Huíla, Kuando-Kubango, Kwanza-Sul, Kwanza-Norte, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire.»
Folha 8 com Lusa
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